Brincadeiras perigosas, quem de nós não caiu nelas?



O ingresso de nossos jovens em “jogos mortais” é algo que está preocupando todo pai e mãe hoje em dia.
Primeiro, foram as “brincadeiras do desmaio”, onde os jovens provocavam a falta de oxigenação do cérebro, tendo a perda da consciência pela apnéia. Para isso, eles empurram o tórax do amigo (na região do esterno) com força contra a parede ou simplesmente sufocam-no, fazendo-o desmaiar. O objetivo é a sensação de se aventurar pelo desligamento do corpo, o que lhes proporciona uma euforia. O problema é que alguns jovens morreram. Após isso ou concomitantemente, foi proposto que o próprio jovem deveria se sufocar até quase perder a consciência, com cordas, cintos ou lençóis, enquanto os seus amigos viam pelas redes sociais. Muitos foram os que chegaram as vias de fato por estarem sozinhos e morreram sufocados na frente de seus amigos. Isso sem contar a quantidade de outras brincadeiras que já devem ter sido feitas e que não tivemos conhecimento.
Bem, o que faz um jovem procurar esse tipo de jogo para se divertir? Acredito que a desinformação pode ser um dos motivos. O jovem é convidado para participar e ele sem malícia o faz. Parece muito simples a resposta, e é mesmo. Outro motivo, é a sensação de eternidade que todo jovem tem. Ele nunca acredita que pode acontecer algo grave com ele e, por isso, arrisca. Mas, a insatisfação (que pode estar vinculada a tristeza, a depressão, etc), que motiva o jovem a buscar a felicidade ou o término de sua dor, em qualquer proposta feita vinda de qualquer amigo ou desconhecido, é uma das mais comuns.
Até pouco tempo atrás, vimos jovens matando outros em escolas porque eles não aguentavam mais a sua dor e, não importava que ela não tinha sido provocada por todos os seus colegas, a dor precisava ser anulada. Então, eles imputavam aos outros e a si mesmo a finalização daquela aflição.
A brincadeira da vez, e que está apavorando os pais de todo mundo, é o jogo mortalBaleia Azul”. Jovens se inscrevem em uma brincadeira nas redes sociais e são obrigados a participar de 50 (cinquenta) desafios dos mais estranhos aos mais perigosos, culminando com o ato de suicídio ao final do jogo. Nele, com o passar das tarefas, muitos jovens recobram a consciência do valor de sua vida e querem parar, mas não podem! Muitos dizem que vão desistir, mas não deixam, porque são ameaçados pelos seus organizadores, fazendo-os temer por sua vida e de seus entes amados. Tais organizadores os fazem acreditar que não há outra opção que não seja pôr um ponto final em sua vida.
Eu não sou especialista de nada, sou somente uma mãe razoável de adolescentes e fiquei pensando sobre tudo isso que venho acompanhando nas redes sociais e na televisão. Claro que sou uma das que, quando ouve algo nesse sentido, fica alerta, mas percebi que, novamente, a minha primeira reação foi pensar: “Ah! Os meus filhos não fariam isso!” E, de novo, me vem à mente que nenhum daqueles pais que perderam os seus filhos nesses jogos ou atitudes extremas também duvidava da capacidade deles de não caírem nessas armadilhas.
De qualquer forma, eu sempre oriento os meus filhos sobre o que acho perigoso, então, fui comentar com eles sobre essa nova mania e descobri que eles já estavam sabendo. Claro que, não da forma que eu expliquei, mas já sabiam porque era o comentário “da vez” na escola. O interessante é a reação que todo adolescente tem quando os seus pais falam sobre esse tipo de assunto. Disseram para mim: “A senhora acha mesmo que eu faria isso?”
Digo a cada um de vocês que dá uma certa vergonha de enfrentar essa pergunta, porque você os educa para quê, afinal? Mas, eu lhes respondi: “Eu não acredito que, racionalmente, vocês se envolveriam com isso, mas, também acredito que vocês ainda não têm maturidade o suficiente para enxergarem a malícia em certos jogos ou propostas feitas por amigos ou desconhecidos.” Não se envergonhem de encarar os seus filhos e dizerem isso, porque é uma verdade.
Todos nós, se buscarmos em nossa memória, lembraremos de alguma brincadeira que fizemos que é, agora, no mínimo, questionável aos nossos olhos de pais. Ainda, se nós, adultos, estamos caindo diariamente em inúmeros golpes dados por marginais que ligam para os nossos lares dizendo que sequestraram os nossos filhos; que nos abordam na rua, tentando vender o bilhete premiado; que nos vendem baratinho “gato por lebre” nas esquinas; por que achamos que os nossos jovens estarão imunes a este tipo de “trapaça”?
Que possamos dar a nossa palavra, a nossa visão em cada uma dessas experiências, para que eles, quando se virem em uma situação em que não enxerguem uma saída (porque isso pode acontecer), sejamos sempre os primeiros que eles lembrarão relacionados a tais assuntos e poderão desabafar e buscar soluções sem terem vergonha de nos contar. Se cada um de nós comentar com eles quando errarmos, eles poderão fazer o mesmo conosco, porque verão que é comum nos equivocarmos, mas que juntos podemos resolver os problemas que chegarem.

Somos pais, orientadores e amigos, então, façamos com que eles nos enxerguem nesses papéis. 

2 comentários :

  1. Excelente texto! Farei questão de compartilhá-lo! Muito claro e objetivo!

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    Respostas
    1. Olá, Daniela! Que bom que tenha gostado!
      Vamos continuar nesta trajetória de orientar os nossos filhos para que jamais duvidem de nossa capacidade de ajudá-los.
      Abraços.

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