O Carnaval e o Espiritismo




Estamos no mês do Carnaval, uma festa que o povo brasileiro comemora, se envolve, se diverte.

Juntamente com o futebol, o carnaval é um evento em que todo o povo se iguala. Todos, ricos e pobres, participam juntos da sua realização. Só por isso, já vale o momento!

Estamos em um momento em que muitos criticam essa festa em razão dos problemas pelos quais passa o Brasil. Muitos dizem que não estamos em tempo de gastar com uma festa dessa magnitude se não temos dinheiro para atender aos doentes com dignidade ou ter escolas com cadeiras para cada aluno que nela estuda.

Não gostaria de me ater a esses argumentos, mas sim, quero aproveitar esse momento juntos para pensarmos sobre o que é o Carnaval fora do âmbito das necessidades materiais.

O carnaval é uma festa em que até os espíritos participam. E participam de várias formas diferentes.
Tem uma canção de Caetano Veloso que diz assim: “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”[1]. É uma canção antiga que perdura até hoje, mas que não condiz com a verdade espiritual!

Sabemos que, ao nosso redor, está repleto de irmãos espirituais, convivendo conosco, harmoniosamente, nos dois planos da vida. Harmoniosamente, sim! Nós espíritos encarnados vivemos em harmonia com o desencarnados, numa interação vibracional perfeita. 

Tanto assim é que, quando estamos bem, chamamos para perto de nós os espíritos que vibram na luz e nos auxiliam nesta nossa jornada de crescimento. Quando, ao contrário, não estamos tão bem, emanamos baixas vibrações, o que nos torna um “doce” suculento para as “formigas” que nos desejam “devorar”.

Em razão disso, o que podemos esperar espiritualmente de uma festa de carnaval? Muita vampirização e influenciações das mais vis?

Sim, isso pode acontecer! Se a nossa única intenção for saciar as nossas vontades mais torpes, esse será o preço que pagaremos por nossa insanidade. É certo, porém, que isso acontece em qualquer lugar que permitamos reinar a falta de respeito pelo nosso Eu ou pelo próximo, a cobiça desenfreada, a inveja penetrante, a malandragem ferina... e não só no carnaval!

Tal reação é natural por ser uma consequência da aplicação das leis divinas: atrairemos tudo o que conosco estiver em sintonia.

Muitos condenam essa festa, dizendo-a ser pecaminosa, mas, na verdade, na verdade, ela não é. Ela não é de fato ruim. Não podemos perder de vista que quem determina o que é bom ou ruim somos nós com as nossas ações e escolhas. Então, uma festa somente será pecaminosa se agirmos para que ela seja pecaminosa.

Por isso, o carnaval não precisa ser assim! Como dissemos antes, se estamos bem, se estamos nessa festa com o coração voltado para a alegria e bons sentimentos, ela servirá para o alívio das energias que acumulamos do dia a dia, para as amizades serem fortalecidas, para o descanso mental a que nos submetemos diariamente...

Mas, o que nem sempre temos consciência, é que estaremos sendo utilizados pela espiritualidade como uma referência para todos ao redor, sejam eles encarnados ou desencarnados. Serviremos de exemplo para que todos possam perceber que a diversão pode ser alcançada, sem necessitarmos de nos escravizar a substâncias degradantes ou pensamentos e comportamentos desregrados.

Ainda, poderemos auxiliar a muitos irmãos desencarnados que se veem em condição de filhos pródigos que não se acreditam merecedores das benesses paternas, de filhos perdidos em sua caminhada evolutiva e que, por isso, se chafurdaram na lama de seu sofrimento ante a sua ignorância sobre o verdadeiro significado do Amor de Deus. Eles verão o símbolo do Cristo em seus irmãos carnavalescos e poderão, em razão de seus exemplos, aceitar o convite feito para o seu resgate.

A luz se enxerga intensa nas trevas mais profundas, porque será o único farol a direcionar os perdidos a caminhos melhores. Nós podemos ser essa luz!

Muitos são os desencarnados que são resgatados quando vão “atrás do trio elétrico”, porque, ao contrário de todos os outros dias, o atrativo desta festa é forte para encorajá-los a sair de seus labirintos emocionais e vivenciarem esse momento de folia e descontração, mesmo que, a princípio, o seu objetivo tenha sido encontrar somente os prazeres mundanos. Eles se permitem levar pela alegria dos mensageiros encarnados que os farão relembrar como era bom se divertir sem o preço da escravidão.

Se gostamos de pular o Carnaval, que sejamos esses modelos a serem imitados e que, sabedores de nossa capacidade de amar, os atraiamos para a sua própria felicidade. Quando no plano astral, poderemos confirmar o convite feito pela espiritualidade amiga, nos fazendo verdadeiramente irmãos daqueles que enxergaram em nós o exemplo.
Só depende de nós!

Verdade seja dita, o que realmente acontece é que “atrás do trio elétrico, vão muitos que já morreram”!



[1] Caetano Veloso, 1977

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