Mãe, berço abençoado de amor


 

Apesar do título, que descreve os nossos mais puros sentimentos em relação às nossas mães, quero iniciar nossa reflexão trazendo uma forma um pouco diferente de pensar e que, talvez, após o findar dessas linhas, possamos mudar um pouco os pensamentos e comportamentos que temos com as nossas mães.

 

COMO FILHA... SENDO MÃE

Quero deixar claro que estou escrevendo esta reflexão como filha, mas jamais deixando de extrair das minhas experiências como mãe alguns aprendizados. Peço que as mães que lerem esse texto possam também aplicar em suas vidas aquilo que daqui extraírem de positivo.

 

NOSSAS EXIGÊNCIAS EXACERBADAS

Por mais que algumas possam representar o papel fiel de mães amorosas, nós ainda não aceitamos menos delas do que o amor incondicional. Se assim é, pergunto: “isso é justo?” E a minha resposta é: “Não, não é”.

Pensem comigo: se nós, como filhos, podemos amá-las com o nosso jeito todo imperfeito, por que elas têm de sustentar um avanço moral e um estado emocional que nenhum ser humano neste planeta possui?

Em nossa ignorância, queremos delas uma perfeição que está fora do seu alcance e de qualquer outro ser terreno! Exigimos de seus corações maternos algo que elas ainda não podem nos dar!

E, como crianças birrentas que somos, construímos contra elas mágoas, indignações, rancores, vitimizações, e muito mais, por não admitirmos que elas não mantenham a nossa ilusão filial.

Ora, elas são pessoas tão imperfeitas como nós e que têm suas limitações, seus medos, suas dificuldades, suas lições de vida a vivenciar.

Ter se tornado mãe, seja por meio da concepção ou do coração, não a faz menos humana, não a torna uma supermulher.


BENÇÃOS DA MATERNIDADE

Admito, porém, que a maternidade provoca uma transformação íntima na maioria delas. Quando se está mãe pode-se perceber, dentre outras coisas, que:[1]

  • É possível amar alguém muito além do que já tinha experienciado; 
  • Todo o seu ser se converge para a proteção daquele filho que dela depende e que o seu coração aprendeu a amar desde o primeiro minuto que o sentiu; 
  • O laço criado pela maternidade jamais será desfeito e, se como filhos nós sentimos essa ligação, elas sentem muito mais; 
  • Se torna, indiretamente, mãe de outros tantos seres porque se começa a entender que o amor vai além dos laços firmados.

É preciso concordar que tais transformações são significativas e que auxiliam, em muito, aquele ser maternal a enxergar a vida com olhos muitos mais sensíveis e espiritualizados.

 

ESTOU SENDO SEVERA? ENTÃO, EXPLICO...

Por que estou trazendo este assunto nesta forma de reprimenda? Porque não podemos continuar a exigir de nossas mães um amor que elas ainda não sabem amar. 

Se estou complicando, eu explico para vocês: cada um de nós enxerga, sente e vivencia o amor de uma forma peculiar, porque esse será o resultado do nosso caminhar evolutivo. Com o tempo e esforço próprios, aprendemos e aperfeiçoamos o que (e como) sentimos algo e, por isso, no momento de aplicar esse sentimento, estaremos atrelados na forma e intensidade do amor que sabemos amar.


A CULPA DE NÃO SER PERFEITA PRECISA SER ABANDONADA

Pode parecer óbvio, mas, se muitas mães se culpam e se atormentam por sentirem que não amam seus filhos como “deveriam”, perdendo a paz interior, então, algo está errado!

Como nossa sociedade exige da mãe determinados comportamentos e sentimentos, ela tentará, mesmo que inconscientemente, mantê-lo, mas, infelizmente, aquilo que não lhe é natural, fugirá em alguns momentos de seu domínio, permitindo, aos que estão ao seu lado, que a critiquem ferozmente.

Enquanto a crítica estiver vindo do outro, ainda está bom, mas, o problema será quando esta mãe se condenar por aceitar as exigências alheias como se fossem possíveis de serem mantidas.

Vejo que é por essa razão também que muitas mulheres, hoje, já sobrecarregadas com suas funções cotidianas, acabam temendo abraçar este papel tão divino de ser mãe para não serem cobradas em mais uma incumbência, perdendo (e aqui é efetivamente perder) um ótimo aprendizado sobre o que é amar, se dedicar e se adaptar em prol de outro ser.

Ora, se com todas as suas imperfeições elas nos amam com desprendimento e sacrifício, por que não aceitarmos o muito que elas nos dão?

 

ENFRENTAR-SE COMO MÃE

O ponto é que, mais do que nós, filhos, elas (as mães) precisam entender que se somos todos diferentes, diferente também será como ela se doa, se sacrifica ou ama alguém! Que ela não deve mais se martirizar porque se enxerga amando mais a um filho do que o outro, pura e simplesmente, porque aquele lhe dá amor e o alimenta todos os dias, e este não se importa com ela, sendo-lhe ingrato e cruel.

Como sentir diferente? Mas, perceba o que disse acima: que ela ama mais a um do que o outro, mas ainda assim ela o ama!!

O amor de nossas mães é o indicativo mais do que perfeito do que é amar imperfeitamente, buscando a superação de si mesmas em cada dificuldade, em cada adversidade por amor a alguém que não seja elas próprias, nos trazendo a certeza de que amar é possível, só depende do nosso querer.

Mesmo aquelas mães que definitivamente não nos amaram (nos entregaram a adoção, por exemplo), nos deram a oportunidade de sermos amados por outras pessoas, de sermos quem somos, porque aqui estamos.

 

POR FIM...

Nossas mães são um berço de amor, porque não importa a idade que tivermos será em seu colo que nos consolaremos, nos confortaremos, nos aconchegaremos, mas, principalmente, porque com elas aprenderemos o que é amar além de nossas imperfeições e fazendo diferença na vida de um outro alguém.

Em tudo isso e muito mais, elas continuarão sendo um berço abençoado, o nosso melhor exemplo, o nosso cantinho de amor.



[1] Deixo claro que esta relação mínima que enumerei é muito pessoal e que muitas mães podem sentir uma ou outra coisa, sem ter de sentir, necessariamente, tudo ou alguma coisa.


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