Esse ensinamento de Jesus é,
hoje, muito comum de ser ouvido em nossos dias. Ouvimos e o falamos o tempo
inteiro. Mas, vocês já pararam para pensar a extensão de seu entendimento?
Eu sempre o entendi como sinônimo
dos reflexos da lei de causa e efeito, porque aquilo que eu construí, dele
terei de me utilizar.
Por isso, quando escolhemos não
julgar o próximo com o peso de nossa maledicência, estamos escolhendo não
sermos julgados pela mesma maledicência do outro; quando escolhemos julgar o
outro com piedade e compreensão, estamos escolhendo, por ação reflexa, não
passarmos por essa experiência tão danosa ao nosso estado emocional quando
somos nós os alvos do julgamento nosso irmão.
Mas, apesar de não contradizer
essa lei divina, gostaria de colocar um outro ponto de discussão sobre esse
pensamento. O que significa esse “não julgueis”?
Desculpem a expressão chula, mas
sempre que nós “vomitamos” algo, significa que antes precisamos ter comido esse
algo. Concordam?
Bem, se é assim, então, eu
escolhi consumir esse algo e arcar com as consequências de ter feito essa
escolha. Vocês podem não acreditar, mas isso também se dá com esse ensinamento
de Jesus. Se vocês não se lembram, Ele completou essa frase dizendo, “Porque
com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes
medido vos hão de medir a vós. (Mateus 7:2)”
Eu acredito que Ele não queria
nos dizer que esse julgamento seria somente de nós direcionado ao próximo e
vice versa, mas sim que estaria vinculado ao nosso próximo mais próximo, que
somos nós mesmos. Se eu, todos os dias, julgo os outros com um peso, quando eu
tiver que julgar a mim mesma, o farei da mesma forma. Infelizmente, não temos
muito cuidado com o limite de nossa “crueldade” ao decidirmos que o outro não
tem razão ou não merece o nosso perdão.
Somos pessoas que agimos conforme
vamos mudando as nossas verdades. Explico: a cada experiência que temos, vamos
adquirindo um pouquinho mais de compreensão da vida, mas, precisamos entender
que essa compreensão é individual, ou seja, podemos, diante de uma
circunstância, absorvemos como aprendizado aquilo que compreendemos ser o
correto. Descrevo, com um exemplo radical, sobre o que quero lhes passar:
quando os cristãos entenderam que somente Jesus salvava, criaram as cruzadas e
dizimaram aqueles que eles entendiam serem hereges. Escolha acertada? Para eles
(ou nós), naquela época, sim. De qualquer forma, tudo começou com um pensamento
que, fomentando a ignorância dos fiéis, se tornou um massacre para ambos os
lados. Infelizmente, isso ainda é visto nos dias atuais.
Esse resultado também se dá com o
nosso julgamento. Se eu tenho o costume de tentar entender as ações alheias; se
eu tiver necessidade de julgar o outro, mas tento impor o mínimo de peso às
suas ações e atos, face a verdade de que ainda somos aprendizes neste planeta
escola; se eu busco o melhor do outro em suas ações... tenham certeza que, no
momento que eu me virar para mim e tiver que me julgar, toda a minha
condescendência será aplicada também.
Somos os nossos juízes em nossos
tribunais interiores. Somente nós podemos nos julgar e condenar. Mesmo que o
outro o faça, se não concordarmos com ele, nada sentiremos, nada sofreremos.
Então, precisamos treinar o “nosso juiz” para enxergar além da condenação
implacável, enxergar o nosso lado aprendiz, o nosso lado imperfeito que quer
ficar melhor, mas não sabe ainda como.
Se nós percebermos o quanto
estaremos nos beneficiando com esse entendimento mais profundo, estaremos mais
e mais incentivados a nos esforçarmos para agirmos dessa forma com os nossos
irmãos em Cristo.
Assim, com o tempo, vamos melhor
compreendendo os ensinamentos de Jesus e as nossas verdades vão se tornando
mais puras e felizes.
Não julguemos para não sermos
julgados, essa é a nossa meta diária de amor e caridade.
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