O nunca não existe, não para nós


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Este período em que estamos vivendo está nos mostrando o quanto isso é verdadeiro.

“Nunca” imaginamos que pararíamos por um segundo a nossa rotina diária!

“Nunca” imaginamos que ficaríamos em casa no meio da semana, nos dando tempo (ou não) para nos voltarmos para o nosso lar, para a nossa família de uma maneira tão intensa que, logo no início, alguns de nós até se incomodaram.

Mas, como tudo na vida que é mais sábia que todos nós, nos vimos “forçados” a encarar uma realidade que nos colocou no centro de nossa própria atenção: nos vimos forçados a olhar, ou pelo menos, nos deparar com os valores que abraçávamos diariamente e refletir se eles são mesmo os mais importantes.

Engraçado como, neste período, tudo está sob um novo ângulo e o que antes dizíamos que era importante perdeu um pouco do seu brilho.

Mas, apesar disso tudo, quero refletir aqui com vocês uma realidade da maioria de nós, não só a nossa.

Muitos puderam ir para os seus lares porque tiveram condições de levar o seu trabalho junto, mas a maioria não.

Muitos puderam, ao chegar na proteção de seu lar, se sentir seguros, ou pelo menos, mais seguros, mas a maioria não.

Muitos puderam, neste período, confinados, se interiorizar e descobrir que existe um alguém que estava esquecido nos recôncavos de nosso mundo interno, mas a maioria não.

Muitos dos que não puderam fazer o afastamento social, puderam enxergar como o lar é um refúgio importante para a sua família, mas a maioria não viu.

E por que a maioria não? Porque mesmo pensando:

- que estamos no momento de uma transição planetária;
- que as máscaras que sempre vestimos estão caindo para sabermos quem somos;
- que a pandemia, além de ser uma catástrofe para a humanidade, também serve para que nos freemos e nos enxerguemos mais claramente diante desta “parada” do mundo;
- que o flagrar de nossa mortalidade pode nos motivar a buscar caminhos diferenciados em nosso futuro...

... ainda assim, não deixamos de ser quem somos com todas as nossas qualidades e defeitos.

Ora, quem era desatento a um viver mais interiorizado, poderá continuar sendo!

Quem não era devoto a uma vivência ética e moral, poderá continuar sendo!

Quem vivia a vida numa rotina exteriorizada, poderá continuar sendo! E poderá manter a sua postura mesmo dentro de casa, porque nada muda no nosso templo interior se não houver uma ínfima mudança no nosso olhar e pensamentos.

Significa dizer que eles, ou nós, se não viviam para um crescer evolutivo espiritualizado, não mudarão sem desejarem e, não se surpreenderão, sem um reforço externo. Explico o que quero dizer:
Se diante desta nova realidade, ainda estiverem desatentos, somente esperando o retorno à rotina abandonada, essa experiência passará sem grandes modificações interiores. Assistirão muita televisão, frequentarão muito as redes sociais, jogarão ininterruptamente os aplicativos que estão à disposição de todos... e tudo isso poderá levá-los a se alienarem mais e mais.

Então, precisarão ser “acordados” e para isso é necessário, auxiliando o fluxo sábio da vida, de um alguém ou alguma coisa mais significativa “para eles” que levará essa nova verdade de superação aos que ainda não enxergam.

Estes, na maioria das vezes, são aqueles que afirmariam, com orgulho, que apesar de tudo o que estamos vivenciando nunca a humanidade se lapidará. É preciso repensar sobre essa “ilusão” que está sendo alimentada e carregada a séculos por cada um de nós, porque se não afirmamos hoje isso, por vezes ainda agimos assim, e isso nos levará a uma grande decepção.

Esta experiência está sendo única para nós, mas já aconteceu outras pandemias em outras épocas e a humanidade não buscou mudanças expressivas.

A diferença é que desta vez sei que, conforme se cumpre a evolução planetária, muitos estão mais abertos e mais voltados para uma vida mais espiritualizada, mais voltada para um algo maior dentro de si, fazendo refletir, mesmo que de forma indireta, um maior número de pessoas. Infelizmente, porém, esse processo é gradual e individualizado e ainda não abraçou a grande maioria.

Lembram quando eu disse acima que a vida precisaria de uma forcinha externa para ajudar aos que ainda estão alienados? Então! É de nós que ela precisa, seja para nos incluirmos neste número, seja para acordarmos o maior número de pessoas que pudermos.

É de nossas atitudes, pensamentos e sentimentos que a vida necessita para que nossa postura, energia, otimismo e fé conscientizem e “contaminem” aqueles que ainda não se tocaram do quanto é oportuno aproveitarmos as experiências que a vida nos oferta, dando um impulsionamento em nossa caminhada evolutiva.

O que podemos fazer então para que se aumente esse número de pessoas que podem extrair desta experiência o melhor que ela nos traz? Qual seria o nosso papel?

Acreditarmos que, ante a Sabedoria Divina, Ele sabe que podemos fazer algo novo. Acreditarmos que podemos fazer a diferença em nossa vida e na vida do outro sem muita complexidade! Pela simplicidade e verdade, sem imposição, nos tornemos os propagadores de uma nova visão dos valores do mundo, agindo com otimismo e responsabilidade. Usemos dos meios que temos para levar “ao mundo do outro” aquilo que o “nosso mundo” está cheio: de vontade de aprender e evoluir.

Não falemos que “nunca” estaremos capacitados, porque mais do que “nunca”, tivemos a prova que a humanidade inteira pode realizar um algo novo se isso for extremamente relevante. E nós provamos para nós que temos condições de ver o bem além da dor.

Não estou pedindo algo que foge do nosso alcance, mas somente que sejamos mensageiros para aqueles que estão ao nosso redor de um olhar mais aberto às bênçãos que se encontram nos recôncavos do desespero.

Sejamos nós aqueles que se recusarão a achar que a nossa vida está pautada no “nunca” e, rebeldes, sejamos os que propagarão o “sempre”: sempre estaremos vivendo e experienciando circunstâncias que nos remeterão a enxergar a presença amorosa e misericordiosa do Altíssimo

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