Este mês completa um ano que postei o texto “O Rio Doce somos nós?” onde tentei fazer uma comparação entre o que fazemos com a nossa vida e o que fizemos ou deixamos de fazer em relação àquele rio que era tão importante para todos nós, que era, e ainda é para alguns sinônimo de sobrevivência.
Um ano da tragédia se passou, como também um ano de maior crescimento individual para todos nós. E o que fizemos, enquanto sociedade prejudicada, para que a situação mencionada ficasse mais amena e resolvida? O que fizemos em prol de nós mesmos?
Claro que essa resposta é individual e intransferível, mas eu posso dar aqui algumas visões sobre o que penso.
O que é um ano de uma vida? Para um bebê, esse um ano pode ser toda a sua vida; para uma criança, mais de um terço dela; para um adulto, pode ser somente mais um ano. Para aqueles que acreditam em reencarnação, pode ser apenas um milésimo de uma vida que é eterna; para os que não acreditam, pode ter sido apenas mais um ano e que outros virão...
Para cada um, esse “um ano” tem um significado. Eu acredito, sem pesar, que este “um ano” foi um presente divino que passou e não voltará mais. O mais importante é o que ele deixou para nós e como reagimos, não o que pensamos sobre ele!
Precisamos entender que, mesmo sendo eternos e tendo a oportunidade de voltarmos para mais uma vida encarnada, ou podermos viver mais um ano nesta mesma existência, não retira desse “um ano” a verdade dele ter sido uma oportunidade única, porque naquele momento éramos únicos também. Quem eu sou hoje, não é quem eu era nesse um ano atrás. Então, as experiências que eu vivenciei, as fiz de maneira única, com dificuldades únicas e aprendizados únicos. Toda a gama de experiências que apreendi nesse período foi única e que me fez ser esse alguém que sou hoje. O ano não foi perdido jamais, mas ainda assim poderia ter sido melhor aproveitado se eu entendesse que era preciso estar atento a cada momento sem deixar passar nenhum “ano”.
Tentarei explicar de uma maneira bem simples: tudo o que vivo se incorpora em mim, fazendo parte de quem eu estou no meu presente. Tudo o que vivencio me preparará para uma nova experiência no meu presente/futuro, mas, se eu não me percebo diariamente, como posso bem vivenciar as experiências e aproveitar bem as oportunidades que a vida me dá? Se vou sendo preparado pela vida a cada instante, como agir em determinadas circunstâncias se não estava atenta aos aprendizados? Com certeza, as ditas situações em que vivo serão vistas e sentidas por mim com maior dificuldade, porque precisarei tomar duas posturas ao mesmo tempo: buscar em mim o que poderia ter absorvido naquele ano gradativamente e enfrentar as dificuldades do meu dia, tudo de uma vez só. Não é fácil!
Não estou aqui pregando que devemos ficar paranoicos para absorver todos os aprendizados vivenciados, mas sim que estejamos razoavelmente atentos para o que acontece conosco. Muitos de nós, infelizmente, estão vivendo a vida como aquele motorista que pega o seu carro e se dirige para o seu escritório sem perceber o caminho que percorreu! E pior, muitas vezes, se leva para o escritório quando queria ir para o parque com os seus filhos! Esse exemplo simples nos mostra como estamos nos automatizando e não vivendo plenamente os nossos dias.
Para aqueles que acreditam na reencarnação, é muito pior! Porque se sabemos que teremos todas as oportunidades para compreendermos o nosso Ser e crescermos, teríamos de entender que esse “um ano” é muito precioso para ser ignorado! Cada dia, cada semana, cada mês e cada ano, é um complexo dedicado a cada um de nós para nos libertarmos de nossas mazelas que nos escravizam a dores desnecessárias.
Um ano de uma tragédia dolorosa ou, simplesmente, um ano de nossas vidas, é um instrumento valoroso que Deus nos dá para crescermos, para compreendermos as nossas emoções, para nos compreendermos como pessoas. Mas, só dependerá de nós como desejamos passá-lo ou no ano seguinte que será um reflexo de como vivemos nesse ano que passou.
Observemo-nos, sem obstinação, todos os dias, para que estejamos preparados para as novas experiências e, assim, as enfrentaremos com menos dores, porque, como no caso daqueles mais atentos que veem que a represa pode romper, se eles já fizeram tudo o que podiam, os danos, no momento da catástrofe, serão sempre minorados.
Assim também é a nossa vida!
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