Depressão, podemos superá-la?


Tenho certeza que muitos que já experimentaram a depressão já escutaram de alguém que tudo o que ele sente é besteira, que aquilo é fácil de se resolver, que é só deixar de lado a tristeza que a alegria retornará à sua vida!

Ledo engano daquele que menospreza o estado de depressão de um ente querido seu. Possivelmente, estará levando para este amor de sua vida mais uma carga de remorso, mais um motivo para que ele não consiga ultrapassar esse momento difícil de sua vida.

A depressão é uma doença que precisa ser tratada. Como todo doente que não conhece a sua doença, ela está lá, ele só não sabe ainda. O depressivo é como aquele paciente portador da tuberculose que, mesmo não sabendo dela, não consegue parar de tossir. Ele não precisa saber que está doente, ele, simplesmente, reage ao distúrbio de que é portador e age conforme os seus sintomas.

Como toda doença de que somos portadores, a depressão também advém de nosso estado de espírito, de nosso estado emocional. O depressivo chega a este estado porque antes teve medo, antes teve rancor, antes teve receio da vida.

Nós não entramos no estado de depressão imediatamente. Nós entramos em um estado de tristeza que vai se agravando mais e mais até chegarmos à depressão.


Mas, porque nos entristecemos? Porque, segundo a espiritualidade (e cada caso é um caso!), nós começamos a acreditar que a vida é um barco sem rumo; um barco que perdeu o seu leme e está à deriva seguindo a vontade das ondas. Neste momento, deixamos que a nossa fé esmoreça. Ela ainda está ali, mas abafada pelos medos que alimentamos, pelos traumas que abraçamos... Daí, começamos a temer quase tudo: tememos o dia que se inicia; tememos os fatos que virão com ele; tememos as pessoas que fazem parte dessa vida...

Mesmo que consigamos flagrar aquilo ou aquele que nos trouxe a angústia, que nos levou ao desespero, ao buraco, o ponto chave de tudo isso ainda somos “nós”. E enquanto não percebermos isso, poderemos fazer todo tipo de tratamento médico existente que a depressão não será totalmente curada em nosso coração.

A depressão pode ter sido incentivada por um ou mais fatos concomitantes e recorrentes, mas tudo se iniciou porque, em algum momento, começamos a desacreditar em nós mesmos; porque começamos a acreditar não sermos bons o suficiente para lidarmos com aquilo que chega até nós. E, se assim é, concluímos: não somos nada, não merecemos nada melhor!

A espiritualidade afirma que o ponto chave (e o que verdadeiramente importa) é que não nos perdoamos pelos nossos equívocos, não nos damos a oportunidade de fazer melhor e quando damos, não nos concedemos tempo suficiente para a conclusão da tarefa, incapacitando-nos de vermos a nossa potencialidade. Não entendemos que somos viajantes em busca de aprendizado e, portanto, alunos da Grande Escola. Se somos alunos, muito ainda haveremos de errar, mas com todas as oportunidades de refazer os nossos passos e acertar em algum momento. Teremos tempo, porque Deus nos dará todo o tempo que for necessário para isso.

Um outro ponto é: qual é o Deus que rege a nossa vida?! Se acreditamos em um Deus duro e vingativo; em um Deus perverso que deixará que a vida nos traga sempre o pior, sempre reagiremos como se nós “merecêssemos” os traumas que nos assombram. Mas, Ele não é nada disso. Ele foi descrito assim no passado porque somente dessa forma nós O respeitaríamos. Nós éramos bárbaros e o nosso Deus precisava ser também.

Por isso, Jesus, há dois milênios, veio nos esclarecer que o Deus que nos rege não é assim! E Jesus fez isso porque já estávamos mais preparados para nos depararmos com essa verdade: que Ele é “Pai”; que Ele nos quer bem; que Ele é Tudo... e Tudo de bom!

Precisamos nos desapegar da visão antiga desse Deus para nos darmos a oportunidade de nos perdoarmos como Ele nos perdoa a cada equívoco.


Ele sabe quem somos. E se sabe, não tem como se decepcionar. Somente nós nos decepcionamos conosco porque queremos ser mais do que ainda somos. Temos a visão do que é certo e queremos agir segundo essa visão. O problema é que ainda não somos capazes de colocarmos tudo em prática.
Para ficar mais simples de entender: sabemos como funciona um computador, mas sabemos fazê-lo funcionar? Podemos abri-lo e observar a posição de cada um de seus componentes, mas isso é suficiente?

As nossas verdades são como os componentes desse aparelho: sabemos que todos juntos farão o computador funcionar, mas não temos ainda o conhecimento de como fazê-lo. Somente quando observarmos quem sabe, quando colocarmos a “mão na massa” para montá-lo, teremos angariado conhecimento para tanto. Daí, o que era segredo, deixou de ser! Assim é com a vida!

A depressão é um reflexo dos momentos do passado que não conseguimos nos libertar por não sabermos como “fazer funcionar” aquela experiência. Ela nos aprisiona em situações vividas outrora e que, naquela época, não conseguimos entender. Como no caso de uma mãe que se culpa sobremaneira pelo fato de seu filhinho ter se machucado e, em razão disso, cria em seu inconsciente que ela é uma péssima mãe... ela levará isso consigo, vida após vida, reafirmando a sua incapacidade para si a cada experiência desagradável com um filho seu. Ela somente sairá dessa prisão (construída por ela mesma) quando entender que somos pessoas falíveis e, por isso, erramos, mas estamos aqui para aprender com esses erros.

Até que consiga sair dessa prisão construída em seu íntimo, essa mãe reagirá negativamente toda vez que algo não sair como ela queria. É uma prisão de angústia e ansiedade. É uma prisão que pode nos levar à depressão!

Por que algumas pessoas escutam as maledicências dos outros sobre si mesmas e outras, não? Porque as primeiras não têm firme em seu íntimo a verdade sobre si mesmas e reforçam os seus traumas com a opinião alheia. As que não dão importância as maledicências, ou já estão revendo as suas crenças sobre si mesmas ou já as superaram em seu íntimo.

Por isso, é necessário que todos nós, sem exceção, observemos o que está chegando até nós por intermédio do outro e percebamos as nossas reações frente a cada uma das circunstâncias trazidas.
Tal atitude do outro pode ser errada, mas não é ruim para nós, entendam bem! Tais situações são as que nos fazem rever os nossos pontos de vista, bem como nos dão a chance de rechaçar o que não desejamos para nós. Podemos, porém, por ignorância, escolhermos escutar as maledicências e alimentá-las em nosso ser, o que acarretará ainda vivermos alguns momentos de dor que podem nos levar a estados depressivos consideráveis.


Tudo isso faz parte de mais um estágio de vida para nós e isso não é bobagem!


Se conhecemos alguém que está depressivo, que possamos entender que esse alguém precisa de ajuda e muita compreensão para que ele saia bem consigo mesmo deste estágio. Sejamos aqueles que o auxiliarão a perceber a sua potencialidade, a abandonar algumas crenças construídas outrora que já podem ser desmistificadas, a voltar a se amar como filho de Deus.

Se somos nós que nos encontramos depressivos, associemos tudo isso ao tratamento de saúde físico que não pode ser jamais desconsiderado porque este caso o estágio da doença já impregnou o campo da matéria e pela matéria precisa também ser curado.

Precisamos, para o nosso bem, apurar a nossa compreensão espiritual nos conhecendo mais e mais a cada dia para que consigamos associar todos os nossos aprendizados até então conquistados e sairmos o quanto antes dessa experiência traumática, mas espiritualmente enobrecedora.

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