Rejeição: dor ou autoconhecimento?

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Rejeição e dor parecem fácil de se relacionar, mas pode se dizer que parece estranho pensar em sentir-se rejeitado como uma forma de autoconhecer-se, mas tentarei explicar o meu ponto de vista.

Vamos por parte, no entanto.

O QUE É REJEIÇÃO?

Simplificadamente, é uma ação ou efeito de rejeitar, de aceitar, de não tolerar, de repudiar.

Vocês percebem que quando somos agentes desta ação ou estado de espírito estaremos sempre ativos, mesmo quando formos o alvo de seus efeitos? Se não entenderam, sigam o meu raciocínio.

SER OU SENTIR-SE REJEITADO

Quando somos nós a rejeitar algo ou alguém, isso, normalmente, não nos atinge; não nos provoca dor, não nos incomoda.

Mas, quando somos o alvo desta ação, sentirmo-nos ou sermos rejeitados são estados emocionais bastante complicados para sustentar.

Quando isso acontece, construímos algo em nosso mundo interior e, normalmente, esse algo não é bom, porque a rejeição para nós é sinônimo de repúdio, de repulsão por parte daqueles que estão ao nosso redor, nos colocando numa posição de inadequação frente a coletividade que nos cerca.

Ninguém quer estar à parte do coletivo. Queremos ser aceitos, queremos ser amados e, se possível, como somos. Mas, nem sempre isso acontece e precisamos, para a nossa paz de espírito, entender esse processo.

QUEM NOS MARCA COMO ALVOS?

Afirmei que somos alvo, e agora quero deixar claro que isso nem sempre vem de terceiros.

Quando o outro age, fica fácil identificá-lo, mas quantas vezes nos colocamos como alvo de nossas próprias censuras desumanas, da não aceitação de nós mesmos, transformando-nos nos principais algozes de nossa autoestima? É claro que isso pode ter sido provocado por ação de terceiros que nos convenceram que não merecemos o chão que caminhamos, mas também pela nossa ridícula exigência de uma perfeição que não existe.

Infelizmente, pensando assim, estaríamos somente refletindo o que a nossa coletividade, extremamente ignorante dos verdadeiros valores espirituais a serem angariados, nos exige. Fomos convencidos que para nos amar precisamos atender aos ridículos requisitos de uma sociedade imperfeita e mundana em que o Ter é mais precioso do que o Ser.

Então, deixamos de amar o que somos e até o que conquistamos, para amar o que ainda não possuímos, invadindo-nos sensações de frustração, inadequação...

Temos de parar e refletir sobre o que estamos fazendo; que caminhos estamos trilhando; porque não podemos continuar desse jeito.

Fomos criados por Deus com a semente da transformação, ou seja, estamos sempre nos modificando, nos aprimorando, nos fazendo melhores. Mas, para tudo isso acontecer de forma sadia, precisamos de um tempo de adaptação, de compreensão das nossas próprias experiências.

O PROBLEMA É... QUEREMOS ESPERAR?

É uma pergunta importantíssima para respondermos. Quem de nós exige de uma criança no jardim de infância que ela, já no primeiro dia de aula, saiba a matemática complexa dos doutorados? Isso é insano e tenho certeza de que concordam comigo.

Então, por que exigimos de nós algo que ainda não temos condições de saber?

Se estão pensando: “é porque os outros da minha idade já sabem, então, como eu não sei?”, precisamos refletir melhor.

Vamos dar um exemplo: vamos dizer que tenho cinquenta anos e nunca aprendi a dirigir. Somente porque tenho cinquenta, posso pegar qualquer carro e sair dirigindo sem colocar em risco outras pessoas, inclusive eu? Não, claro que não. Posso até colocar o carro em movimento porque já vi outros fazerem, mas precisaria mais do que isso para sentir que sei o que estou fazendo. A única solução é aprender com quem sabe ou cursar uma autoescola e, a partir daí, dirigir como todos aqueles que têm a minha idade e mais além.

PARÂMETROS EQUIVOCADOS

Muitas são as circunstâncias que nos equivocamos ao colocarmos a nossa capacidade vinculada a um parâmetro errado, como no caso do exemplo acima. Como posso usar da idade como um parâmetro válido, se ela em nada influencia para nos cobrarmos saber dirigir? Se assim fizermos, nos frustraremos com certeza, nos rejeitando injustamente, acreditando-nos incompetentes.

Mais do que nunca, precisamos lembrar a razão por nunca termos desejado ou podido aprender, porque nos surpreenderemos ao lembrarmos que tínhamos motivos que, à época, eram suficientemente fortes para não abraçarmos tal empreendimento.

REJEIÇÃO COMO DOR

Ora, com certeza nos rejeitarmos ou sermos rejeitados por terceiros nos trazem desconforto, tudo isso provoca uma descarga de descontentamento no nosso mundo interior. Muitos questionamentos são levantados por nós, mexendo com a nossa consciência.

Um dos pontos cruciais é que a nossa dor está pautada em uma inverdade! Não posso me considerar incompetente quando não sei fazer algo, porque competência vem com o aprendizado. Se eu não sei dirigir, a minha incapacidade está pautada na minha ignorância! Sem estudar e praticar, eu não terei conhecimento para conduzir um automóvel. Não sou incompetente, mas sim, ignorante, o que pode ser resolvido com o esforço do querer aprender.

REJEIÇÃO COMO AUTOCONHECIMENTO

Bem, aqui vem uma pequena reflexão de tudo o que estamos conversando. Se eu me rejeito ou se eu me sinto rejeitada, preciso entender o porquê.

Preciso saber se sentir-me rejeitada ou me rejeitar são duas situações diferentes.

Respondo não, quando o nosso sentimento de sermos alvos da rejeição alheia está pautado na nossa própria autorrejeição. Então, se eu já me rejeito por não aceitar as minhas limitações, eu posso enxergar rejeição nas ações alheias, mesmo quando ela não existe. Neste caso, a fonte da rejeição vista por nós, somos nós mesmos.

Respondo sim, quando, infelizmente, nos deparamos com comportamentos inaceitáveis de alguns que ainda vivem escravizados a valores mundanos, não aceitando que o outro seja quem ele é, com todas as suas virtudes e imperfeições.

O ponto crucial destas duas respostas, no entanto, é que, não importa qual delas está ativa em nosso ser, somente nós podemos mudar o curso de nossos pensamentos, de nossa vida.

Somente nos conhecendo, poderemos saber o que nos falta para ultrapassar as dificuldades da falta do entendimento sobre determinado assunto. Se nos escondermos de nós pelo medo de encararmos a dor pela ausência do saber, jamais nos colocaremos como aprendizes para angariarmos a teoria e prática daquilo que nos falta. Viveremos na dor, sem nos aprofundarmos no autoamor projetado pelo autoconhecimento.

Então, a REJEIÇÃO nos leva à DOR e ao AUTOCONHECIMENTO?

Sim, a ambos e muito mais.

 

Um comentário :

  1. Oi Adriana, você poderia me enviar o seu e-mail para pefurtado84@gmail.com? Gostaria de conversar com você sobre um de seus livros e minhas ideias. Obrigado desde já.

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