Todos somos portadores de muitos medos.
Pequenos, médios, grandes ou enormes, eles nos preenchem quando algumas
circunstâncias se fazem presentes em nossas vidas.
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O medo é uma reação natural e, em
razão disso, já podemos analisar a sua importância para nós. Ai de nós se não
tivéssemos medo! Ai de nós, que já não temos juízo suficiente, se não tivéssemos
esse freio natural para a nossa subsistência!
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O medo é importante porque ele
nos freia em determinadas circunstâncias e nos dá o tempo devido para pensarmos
sobre qual seria a melhor solução ou caminho para chegarmos ao que desejamos.
Ele também nos impulsiona, porque nos faz correr, nos afastar daquilo que não
seria seguro à nossa preservação emocional e física.
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Mas, da mesma forma que afirmo
que é um elemento íntimo e natural em nós, podemos deturpá-lo e é quando o
deturpamos que ele começa a nos prejudicar.
Podemos exasperá-lo a um nível tal
que “ele”[1]
pode nos impedir de caminhar; nos impedir de irmos além do nosso “limite”;
nos impulsionar para longe de nossos propósitos mais nobres, quando acreditamos
que arriscaremos algo que tememos perder.
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Temos a capacidade de nos superar
dia a dia, porque dia a dia somos uma pessoa nova, somos um novo dínamo para
novas experiências. Mas, acreditando que um limite nos é traçado, tememos ir
além dele, nos limitando efetivamente em nosso crescer. Esse medo emocional nos
é extremamente restritivo.
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Cada um de nós pode pensar em alguém
que se “arriscou” demais... por “confiar” demais... e acabou tendo resultados
que não desejou para sua vida. E é isso que nos motiva a não abusar, a não arriscar
demais, porque não queremos sofrer como ele.
Para esse alguém que confia
cegamente em sua capacidade e almeja um resultado que não atinge, ou atinge
outros resultados indesejados, ele simplesmente estará colhendo uma
consequência de todas as suas plantações, que, no conjunto, será muito útil e
digo até necessária para o seu crescer. Pelo agir, ele está arriscando alcançar
os seus sonhos.
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Agindo ou não agindo, os resultados
virão, mas pela nossa omissão, nos arriscamos a jamais atingir a solução tão
sonhada. É a história daquele que sonha em ganhar na loteria, mas jamais joga!
Se agimos sem nos
responsabilizarmos pelas nossas ações, é natural acontecer um resultado inesperado.
Se agimos com um planejamento, estaremos arriscando um resultado mais
direcionado, mas ainda assim não significa que obteremos o resultado desejado.
Isso fará parte de nossas conquistas, do nosso aprendizado. Isso é a vida em
toda a sua essência.
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A verdade é que precisamos nos
conscientizar que, quando não tivermos preparados para nos “superar”, a vida
nos impedirá carinhosa e misericordiosamente de ir além. Quando não pudermos seguir
por algum caminho que nos será efetivamente “prejudicial”, a nossa própria ignorância
não nos mostrará tal possibilidade. Quando “enxergamos” alguma coisa, ela está no
campo do realizável para nós, então, seremos capazes de analisar a situação e
nos responsabilizarmos por suas consequências. Essa é a lei. Cada um colherá
aquilo que está plantando, esse é o aprendizado.
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O medo, na sua dose certa de
sabedoria, é um instrumento valoroso de proteção e amparo, mas também de crescimento
e evolução. Ele nos impele a agir instintivamente quando em situações de perigo;
nos possibilita raciocinar as circunstâncias estressantes que vivemos, no átomo
de segundo que nos freia; e nos impulsiona para seguirmos em frente quando o
que parece estar “atrás” de nós nos é prejudicial ou já não nos é mais útil ou necessário
para continuarmos semeando.
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O que nos falta é compreendermos
que o medo, originário de nossa criação, não precisa ser alimentado, mas sim, raciocinado
e compreendido para o aplicarmos na sua dosagem certa a cada circunstância. Não
devemos alimentá-lo, para que não nos sufoque, mas sim, compreendê-lo, moldando-o,
para que nos impulsione a agirmos com responsabilidade e sabedoria.
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Assim, o medo é um freio, mas
também é um impulsionador valoroso para o nosso viver.
Ayrton Senna era um excelente piloto quando chovia e praticamente sobrava na pista, porém uma vez ele afirmou: "eu tenho medo de correr quando chove". Michael Schumacher foi o maior ganhador de corridas e títulos da Formula 1, e ele dizia que sempre entrava com medo na pista. Com base nesses exemplos, o medo pode nos ser útil no sentido de deixar-nos alertas, mas não pode nos paralisar jamais. E também não pode ser algo que nos leve a ter atitudes desesperadas. O medo muitas vezes pode ser um aviso para seguirmos em frente, mas com muito cuidado.
ResponderExcluirAdorei as suas considerações, Henderson. Complemento notável do que foi escrito. Obrigada.
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