Ansiedade, sofrimento desnecessário!



Gostaria de conversar com vocês sobre esse assunto que é, segundo os especialistas, uma doença da atualidade.

Como eu não sou especialista, vamos falar sobre esse assunto no cunho da prática diária, no cunho de um sofrimento vivenciado de maneira antecipada por algo que tememos viver no futuro. E como é sem sentido pensarmos que fazemos isso conscientemente!

Para falar a verdade, é quase sem lógica pensarmos que, conscientemente, sentimos tanto medo do que passaremos no futuro que já sofremos de antemão no presente, alongando o momento da dor que, talvez, nem chegue a acontecer.

É quase como se resolvêssemos comer um alimento que adoramos já sabendo que ele nos fará mal e, por isso, o comemos já sofrendo pelo estrago que ele fará no nosso organismo algumas horas ou dias depois.

A pergunta é: será que esse estrago acontecerá? Porque muitas vezes, não acontece! A sabedoria é não comermos o que nos faz mal, mas se fizermos, que vivenciemos os seus efeitos, dolorosos ou não, quando eles chegarem. O tempo que ficamos sofrendo por possíveis consequências de nossas ações nos é um fardo bem pesado para carregarmos, ou seja, nos punimos duas vezes (antes e depois dos efeitos).

E eu não estou falando disso sem justa experiência, infelizmente. Eu tenho uma tia que está com Alzheimer. Por, pelo menos, seis anos, eu a estava auxiliando com as suas atividades mais rotineiras: pagar contas, tomar remédios... Há uns três anos, porém, seus irmãos entenderam que precisavam tomar uma medida drástica e colocá-la em uma casa de repouso. Por três anos, eu fui contra e disse que entendia que ela, com a ajuda que eu já estava dando, era capaz de continuar morando sozinha. Admito que, se antes já sofria com o seu estado de saúde, a partir daí, eu sofria mais ainda porque imaginava que ela sofreria e se sentiria traída se a retirássemos de sua casa, de suas coisas (porque ela era muito ligada a tudo isso). Admito que eu me sentia a pior de todas as sobrinhas deste mundo. Mas, a deterioração de sua saúde foi se agravando e eu percebi que não havia mais como protelar essa decisão.

No início deste ano, tomamos todas as providências para o seu ingresso em uma Casa de Repouso extremamente agradável e dentro das possibilidades financeiras de lá mantê-la. E como levá-la para lá, sem que ela se revoltasse? – era a minha pergunta angustiada mais frequente.

A família se uniu, fizemos um plano e o colocamos em prática. Sabem o que aconteceu? Ela chegou lá e adorou! Ficou sem perguntar muita coisa, apesar de, ante as poucas perguntas que fez, termos dado algumas “desculpas” para que ela aceitasse o novo lugar. Para a nossa felicidade, ela está lá até hoje. Claro que os seus irmãos e sobrinhos, estão sempre com ela, levando carinho e atendendo às suas necessidades.

Vocês poderiam pensar: “Agora, a Adriana aprendeu”. Bem, infelizmente, ainda não.

Como nem sempre aprendemos com a primeira experiência, tivemos outra para nos “testar” o aprendizado (rsrsr). Foi necessário interditá-la para que pudéssemos resolver, em nome dela, os seus problemas. Imaginem a nossa tristeza quando o juiz determinou que a levássemos para a audiência de sua própria interdição. Pensei em tantos olhares magoados dela em nossa direção, porque apesar de esquecida, ela ainda nos demonstra muita consciência de seus atos.

De novo, a vida me ensinou novas lições: ela nem percebeu o que aconteceu! Respondeu a todas as perguntas do juiz (infelizmente, sem coerência com a realidade que vivia) e, mesmo quando tivemos de desmenti-la na sua frente, ela não teve reação, como se não fosse com ela.

Sabem o que eu aprendi? Que tudo tem o seu tempo certo. Acredito que há três anos não seria o momento adequado, mas quando o nosso coração e razão percebem que é o momento, as possíveis dores se expressarão de uma maneira mais tênue... e se chegarem!

Quantas vezes, cada um de vocês sofre ou sofreu por antecipar circunstâncias meramente previstas? Quantas vezes, o sofrimento sentido antecipadamente foi exagerado ou mesmo desnecessário porque a circunstância não trouxe o efeito esperado? Quantas vezes sofremos mais antes do que depois dos efeitos chegarem em nossas vidas?

Acreditemos que, se tivermos de passar por situações desconfortáveis como reflexos de nossas escolhas, elas chegarão no momento mais propício de nossos estados emocionais e que, se sofremos antes ou em demasia, poderemos estar vivenciando dores desnecessárias e em um momento inadequado.


Acreditemos na vida.

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