Estamos em crise?


Neste texto, não tive a intenção de fazer discurso político ou criticar seja que partido for. Nosso objetivo é nos dar a oportunidade de nos entender como indivíduos num processo de depuração coletivo e individual.

No momento em que vivemos, o povo brasileiro pode afirmar que passa por uma crise. E não estamos falando tão somente de crise financeira ou política, mas, principalmente, de uma crise moral e da nossa necessidade de nos conhecermos melhor.

É maravilhoso percebermos que as pessoas estão se questionando quanto às suas posturas, porque de tanto levantarmos dúvidas sobre as posturas daqueles que nos governam, percebemos que eles são um reflexo de seu povo.

Sim! Com esse incômodo, estamos nos possibilitando raciocinar e analisar as nossas ações, porque se antes nada víamos de errado em tê-las, hoje, elas estão no “paredão de nossas consciências”.

Nesta última semana, eu estava conversando com um conhecido e ele, naturalmente, estava me contando de quando ele era criança e roubava frutas do quintal do vizinho. Ele me dizia que: pedir ao vizinho dava muito trabalho, que este não se importava com as travessuras das crianças, que as frutas caiam, estragavam e sujavam o chão. Estes eram os seus argumentos.

A princípio, eu estava escutando aquilo com bastante naturalidade, porque, mesmo não tendo morado no interior, muitos amigos meus sempre me disseram que era natural as crianças agirem dessa forma.

O interessante, porém, é que, pela primeira vez, me veio o seguinte pensamento: será que esse comportamento é certo? Será que não deveríamos ensinar a essas crianças que, mesmo que aquela fruta não tenha qualquer valor econômico, ela não lhes pertence e, por consequência, estariam elas furtando, se não as pedissem ao dono? Se surpreendeu? Eu também, porque mesmo que essa atitude seja despretensiosa e inocente, ela não deixa de ser furto!!

E, da mesma forma que eu somente agora, com quarenta e quatro anos, percebi que era uma atitude errada, essas crianças, se não alertadas de que não podemos pegar aquilo que não nos pertence, poderiam continuar no futuro repetindo essa mesma ação com outros produtos que desejassem obter. Pensem comigo: quantas canetas “surrupiamos” da empresa que trabalhamos? E do setor público que visitamos?

Se cada um de nós, pegar uma caneta, o poder público, por exemplo, gastará, mensalmente, centenas de reais para suprir aquelas que foram furtadas. E esse valor sai do nosso bolso! Do bolso de todo cidadão brasileiro!

Infelizmente, porém, temos a ideia equivocada de que, sendo público, nada nos custará!

Esses pensamentos me lembraram de uma palestra onde a espiritualidade nos disse que achar um dinheiro na rua e ficar com ele era errado! Bem, sempre ouvimos falar que “achado não é roubado”! Então, muitos dos que assistiam essa palestra, repetiram esse ditado popular e disseram: “Mas, se eu não pegar, o outro que vier atrás pegará!” A resposta foi simples: “Não importa. Você está fazendo a sua parte. O que o outro fizer é responsabilidade dele.”

Qualquer coisa que eu achar na rua não é meu, não é nosso! Se não é meu, se não é nosso, é de alguém que poderá ter uma oportunidade de voltar e achar o que ele perdeu se a coisa continuar onde está. Essa atitude precisa começar por alguém e este alguém, talvez, seja cada um de nós.

Que esta postura seja adotada aqui também no Brasil, porque, em alguns países, isso já acontece. Eles não são melhores do que nós. Eles somente aprenderam que o que não é deles, não é deles! Podem ser objetos caros como máquinas fotográficas, filmadoras, celulares, bolsas com dinheiro e documentos, tudo fica onde foi deixado para que o dono possa resgatar ao voltar.

Fico me perguntando se não necessitávamos passar por esses escândalos; passar por tantas indignações para nos conscientizarmos que cada um de nós é importante neste processo de depuração nacional.

O Brasil é um país jovem que está aprendendo. Está se depurando com ideias mais retas de caráter e começa a entender que burlar a lei é errado; que querer dar um “jeitinho” para se dar bem não é produtivo, porque algo se refletirá sobre nós no futuro.

Em decorrência de nossa imaturidade, não temos ainda conscientização cívica. Não sabemos o quanto vale o nosso voto. Não entendemos que tudo o que está ao nosso dispor e que nos afirmam ser “de graça” é público, mas alguém tem que pagar essa conta. E essa conta é nossa!

Precisávamos passar por este momento; precisávamos nos incomodar com as denúncias que se levantam por aí; precisávamos nos sentir donos dos bens públicos para que, assim, os preservemos.  

Quando entendermos isso, deixaremos de quebrar lixeiras e orelhões, de picharmos ruas, de arrebentarmos placas, de passarmos por sinais vermelhos, de subornarmos policiais ou auditores fiscais, de sonegarmos impostos, de “vendermos” o nosso voto... porque é tudo nosso! Mas, se é nosso, não é só meu. É do povo! É de todos nós!


Então, estamos passando por uma crise? Sim, claro que estamos. Mas, a maior de todas elas é a de nos depararmos conosco e, enxergando-nos passíveis de nos corromper, nos depurarmos de nossos vícios de conduta e servirmos de exemplo para aqueles que ainda não entendem essa oportunidade que o Altíssimo está nos ofertando de crescimento individual e coletivo nesta maravilhosa nação chamada Brasil.

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