Os tempos são outros


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Estamos em um momento de transição planetária. Em um momento em que todas as nossas mazelas estão emergindo com as experiências que estamos vivenciando.

A espiritualidade fala abertamente que as nossas máscaras estão caindo. Elas já não se sustentam mais, elas não devem ser mais utilizadas para nos iludir porque os tempos são outros.

NÃO ENTENDERAM? EU EXPLICO

Para aqueles que não sabem do que eu estou falando, vai aqui um pequeno resumo: nosso planeta é habitado por espíritos imperfeitos, de terceira ordem [1], espíritos que podem ser descritos como propensos ao mal, ignorantes, orgulhosos, egoístas etc.

Nossos conhecimentos sobre “as coisas do espírito” são limitados e o pouco que sabemos fazemos comparações que, por vezes, nos levam ao equívoco por não termos qualquer noção do que está além de nós, só do que vemos na matéria. Vivemos em um mundo interior de tormentos, porque, pela nossa ausência de entendimento da divina sabedoria, sentimos intensamente e nos revoltamos a cada circunstância que não nos agrada, a cada “injustiça” que pensamos ser alvo.

Em razão desse nosso grau evolutivo, vivemos em um mundo material que nos recepciona e que é descrito, na escala planetária, como de provas e expiações e que, abaixo de nós, somente os planetas primitivos, aqueles que recepcionam as almas humanas que acabaram de nascer. Então, podemos concluir que ainda muito precisaremos caminhar para atingirmos mundos mais evoluídos.

A boa notícia, no entanto, é que estamos saindo desse patamar planetário e estamos entrando em um novo nível, na regeneração. Nosso mundo está evoluindo e precisa que aqueles que nele habitam também cresçam. Não sairemos da escala de espíritos imperfeitos, mas diante do que já aprendemos (o que não é muito) teremos condições de buscar novas forças, repousando das lutas empreendidas, para enfrentarmos nossas novas expiações.

Para tanto, não conseguiríamos permanecer aqui, num planeta que está buscando novas energias, sem desabarem as máscaras que vestimos todos os dias, com as quais buscávamos iludir a quem conosco convive, com as quais buscávamos nos iludir para continuarmos vítimas (e sem responsabilidade) da Soberana Justiça.

O QUE FAZEMOS, ENTÃO?

TEMPO DE ILUDIR X TEMPO DE AGIR

Necessitamos saber quem somos. Necessitamos nos enxergar, doa a quem doer. Foi por isso que viemos nesta fase de transição e é por isso que tudo o que vemos está acontecendo agora.

Todas as experiências que vivemos, da mais simplória circunstância à mais complexa, nos levam a enxergar quem somos. E sabendo quem somos, podemos fazer nossa escolha futura.

Pensem comigo: se temos segurança financeira, social e ideológica, nada nos levará a agir ou reagir com o que há de primitivo em nós. Nada nos incitará a trazermos à tona nossos instintos de sobrevivência, nossas reações egoístas e violentas. Mostrar-nos-emos sempre civilizados.

Para que fique palpável o que afirmo, pensemos no caso global dos refugiados (da Síria, Afeganistão, Somália, Venezuela...). São milhões de refugiados que fogem de seus países de origem em razão de perseguições políticas, de raça, de religião, necessitando do abrigo dos países que estão mais próximos e, principalmente, necessitando que os que os abrigarem os vejam como seres humanos.

Não afirmo ser errado um país temer receber um contingente enorme de pessoas que, por vezes, é até maior que o seu próprio número de cidadãos, mas, isso só acontece porque o mundo se faz cego diante da necessidade dos que sofrem. Afirma-se que não é problema nosso uma guerra, uma chacina no país vizinho e, quando somos pegos de surpresa com a imigração dos que fogem, não temos (como mundo) um planejamento de contingência para colocarmos em prática.

Mas, verdadeiramente, o que quero chamar a atenção de vocês nessa questão é (não passem adiante sem responder as perguntas):  
  • O que pensamos e como agimos quando o problema é do outro (de outro país, por exemplo)? Julgamo-lo por fechar suas fronteiras?  
  • O que pensamos e como agimos quando o problema chega em nossas mãos? Queremos abrir as nossas fronteiras para eles?
 Quais foram os sentimentos que brotaram em seus corações? 
  • Medo, temor deste acolhimento trazer prejuízos ao conforto que todos usufruem? 
  • Medo, temor deles preencherem os empregos que já são tão poucos?
  • Medo, temor do aumento da violência e pobreza que vem com a falta da infraestrutura para toda essa gente? 
  • Medo, temor de suas crenças tão diferentes das que possuem?
Mas, será que somos somente “trevas”? 
  • Será que também não sentimos piedade, amor, necessidade de acolher aqueles que precisam, mesmo que se lhes impunha algumas condições?
  • Será que também não sentimos piedade, amor, necessidade de acolher aqueles que precisam, seja qual for o resultado que isso acarrete à nossa vida, na de nossos amores, ou de nosso país?
Qualquer que seja a resposta com a qual nos identificamos, ela reflete quem somos! Esse ser que emergiu dos recôncavos de nosso mundo interior é quem estamos e que, sem um impulsionamento externo, não o flagraríamos. Esse ser que precisa ser elogiado ou lapidado com carinho e dedicação.

Não se iludam achando que, neste período, precisamos descobrir somente as nossas mazelas internas. Muitas vezes, precisamos enxergar o quanto crescemos, o quanto estamos melhores para nos sentirmos merecedores de permanecer neste planeta de regeneração.

Abramos os nossos olhos. Não queiramos esconder de nós mesmos quem ainda somos, porque não conseguiremos enganar a Supremacia Divina que sabe o que é melhor para nós.

Acreditem que estarmos em um mundo onde não nos enquadramos seria ruim. O ambiente nos incomodaria, as pessoas nos incomodariam, as nossas imperfeições nos dilacerariam interiormente, nos trazendo muito sofrimento.

A boa notícia é que, se estamos aqui, ainda muito poderemos fazer para nos melhorar. Se estamos aqui é porque a Suprema Providência entende que temos os instrumentos para superarmos as dificuldades porque, como foi dito acima, quem permanecerá aqui ainda é um espírito imperfeito, mas esse desejará mudanças, esse terá em seu ser a vontade de valorizar suas vitórias, superar suas “chagas interiores” e seguir em frente, junto com toda a humanidade.

Os tempos são outros, mas nós estamos aqui. 





[1] In “O Livro dos Espíritos”, p. 73, Ed Petit, 1999.

2 comentários :

  1. Ótimo texto para reflexão. Eu penso que se as pessoas estão procurando determinados países para se refugiarem em busca de uma vida melhor, esses países deveriam assumir essa responsabilidade. Ultimamente com as mudanças de governo que estamos tendo no mundo, acho que muitos estão perdendo o caráter humanitário e tomando decisões mais rígidas com relações à essas pessoas. Essas pessoas não vem para ameaçar a soberania nacional de um país ou os direitos civis de seus cidadãos. Talvez estejam ai justamente para despertar a caridade e o amor que cada nação pode oferecer a um irmão em necessidade. Porém, hoje vejo esse aprendizado cada vez mais distante, pois as pessoas estão cegas pelo ódio e a intolerância.

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  2. Sim, Henderson. Estamos perdidos. Mas, jamais esqueçamos de que não estamos abandonados. Se não percebemos a necessidade de oferecer o abrigo ao próximo, seremos alvo de inúmeras oportunidades de aprender o quanto isso é importante. Enxerguemos, no entanto, a humanidade aprendendo e crescendo. Se antes dizimávamos, hoje acolhemos com limites. Amanhã, acolheremos sem limitações e com o coração efetivamente aberto ao irmão.
    Paz e Luz.

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