Perdão, a chave para a Liberdade


Amigos,

vim para Belo Horizonte para dar uma palestra sobre este tema tão enriquecedor e que me trouxe tantos ensinamentos e, agora que ela (palestra) já passou, resolvi expor, aqui, um pouquinho daquilo que conversei com todos que lá estavam. Confesso que, neste bate papo, eles também me ensinaram muito.

O que é o perdão para cada um de nós? O que seria vivenciar o perdão em nossa vida?

Na maioria das vezes, pensamos no perdão quando o próximo nos provoca alguma dor ou sofrimento ou, ao contrário, flagramos que fomos nós os causadores das dores alheias. Em qualquer uma dessas hipóteses, esta atitude cristã pode ser aplicada entre os envolvidos, trazendo-lhes a restauração da relação antes abalada.

Mas, e quando aquele para quem pedimos o perdão não nos perdoa? Ou quando ele vem até nós e não conseguimos perdoá-lo e nos culpamos por isso? Precisamos, primeiro, entender o que queremos com o perdão, porque senão teremos um instrumento valoroso em nossas mãos, mas não saberemos usá-lo.

Se ao pedirmos o perdão a única reação que queremos do outro é positiva, poderemos estar nos levando para uma armadilha perigosa. Reflitam comigo: se ele não o conceder, qual será o sentimento que portaremos a partir daí? E se não perdoarmos, mas nos culparmos? Sentiremos mais dor e sofrimento? Não temos como exigir de ninguém que aceite as nossas desculpas, da mesma forma que não somos obrigados a perdoar ninguém que nos aviltou. Então, para que fiquemos tranquilos, precisamos trabalhar a verdade que, se não perdoamos, ainda não absorvemos o aprendizado e precisamos de mais tempo, e se pedirmos desculpas, só poderemos exigir que o outro saiba que estamos arrependidos. Saiba, tão somente! Infelizmente, queremos mais do que isso, queremos que ele aceite essa verdade e nos perdoe! Fato é que isso está no mundo dele e, neste mundo, nós não mandamos.

Então, podemos usar desse argumento para dizer que, se não mandamos no mundo do outro, mandamos no nosso e podemos perdoar para ficarmos bem! Certíssimo! Porém, eu pergunto a vocês: quantas foram as discussões que vocês já tiveram na vida que não foram perdoadas? Acredito que algumas! E não foram perdoadas porque cada um teve o seu motivo “mais do que justificado” para se manter firme em não perdoar. Segunda pergunta: dessas discussões, qual foi o sentimento que os tomou? Lembrem-se de não mentirem para vocês!

Acredito que a sua reação, apesar de ter sido fruto de seu livre arbítrio, foi de sufocamento, de tristeza, de raiva até! Ou seja, mesmo mandando em nosso mundo, podemos fazer escolhas que nos farão vivenciar dores! O que precisamos fazer, então? Verdadeiramente, precisamos entender que antes de convidarmos o outro para influenciar o nosso mundo, precisamos estar de bem conosco, por isso, precisamos nos aplicar o auto amor. Explico: precisamos enxergar com “olhos de ver” o que nos fez ter a reação que tivemos na circunstância dolorosa em que vivemos com o outro. Quando percebermos o que nos motiva (resposta em nosso templo interior), conseguiremos perdoar a nós mesmos em qualquer das circunstâncias que mencionei.

Vocês poderiam me perguntar por que precisamos nos perdoar quando foi o outro que nos magoou? E eu respondo: porque vocês, lá no fundo, acreditam que fizeram uma má escolha, que deram abertura para o outro magoá-los, para o outro entrar em sua vida...  Então, vocês estão se julgando, se condenando, se punindo!

O auto perdão precisa estar em nossa consciência e ser concedido todas às vezes que necessitarmos, dai então, compreendendo as nossas limitações, quando chegarmos diante do outro, seja para pedirmos perdão, seja quando incitados a perdoar, teremos mais liberdade para fazermos as nossas escolhas sem sofrimento.

Se eu posso me ver no direito de não perdoar ainda, não há como argumentar a obrigatoriedade do outro de aceitar as minhas desculpas.

Quando estivermos mais firmes de nossas próprias imperfeições, teremos mais facilidade de aplicarmos e pedirmos o perdão e, assim, os sentimentos de mágoa, raiva, ressentimento, deixarão de ser sentidos e a liberdade que o perdão nos concede será mais vivenciada por todos nós.


Será conosco que viveremos às vinte e quatro horas do nosso dia. Que estejamos em paz, portanto.

2 comentários :

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